Adivinhando um número

         Primeiro, uma brincadeira. Há um jogo de adivinhação no qual são apresentados para uma pessoa uma série de cartões como da figura.


          A seguir, pede-se para a pessoa escolher um número inteiro de 1 até 15, sem dizer qual. Ela apenas deve apontar todos os cartões onde aquele número aparece. Imediatamente, você adivinha qual o número pensado. Você sabe qual é o truque?







         Vamos por partes. Primeiro, a pessoa pode pensar que você é um super perito na arte da observação e imediatamente percebeu que o único número que aparece naqueles cartões que ela indicou foi o número pensado. Por exemplo, digamos que ela pensou no número 11. A pessoa lhe dirá que ele aparece no primeiro, segundo e quarto cartões e é o único número que aparece apenas nesses cartões. Uma pessoa super atenta e observadora talvez consiga perceber isso rapidamente. Mas há um truque mais simples: apenas some os primeiros números dos cartões indicados. No caso, eles são 1, 2 e 8, o que dá 11.
         Em qualquer caso, para adivinhar o número pensado, some os primeiros números que aparecem nos cartões: ele é a resposta. Mas, por que funciona? Como funciona?
         O que é uma base numérica?
         Quando escrevemos um número, digamos, 325, todo mundo sabe quanto é isso, pois há uma convenção que todos conhecem. A posição (ou casa, como é mais comumente chamada) mais à direta corresponde à quantidade de unidades, no caso, 5. A casa imediatamente à sua esquerda corresponde à quantidade de dezenas, no caso, 2. A posição seguinte corresponde à quantidade de centenas, 3, no caso. Se forem 325 pontinhos pretos, por exemplo, a figura a seguir representa o que significa isso: três pacotes com cem pontinhos cada, dois pacotes com dez pontinhos cada e mais cinco pacotes com um pontinho só em cada um deles.
Dito em outras palavras, na base decimal, a posição mais à direita vale 1; a posição imediatamente a sua esquerda vale 10; a posição seguinte à esquerda vale 100 e assim por diante: as diferentes posições correspondem a diferentes potências de 10.


         A convenção usada, o sistema de numeração decimal, não é a única possível. Qualquer outra é igualmente correta e se usamos a base dez é porque, provavelmente, usamos, ao longo da história, nossos dedos para contar. Como temos dez dedos nas mãos, a convenção da base dez é quase natural. Mas também pode ser natural o uso da base 20, por exemplo, se algum povo usava os artelhos também para contar coisas. Segundo a Wikipédia (versão em inglês, consultada em julho/2015), os maias usavam a base 20. Segunda a mesma fonte, grupos originários das regiões do atual estado da Califórnia, nos EUA, e do México, usavam a base oito, pois usavam como referência o espaço entre os dedos para indicar quantidades em lugar dos próprios dedos.
         Para a base 10, precisamos de dez símbolos, do zero ao nove, para representar as unidades; um número maior do que 9 é escrito indicando quantas dezenas temos; caso tenhamos mais do que 9 dezenas, as agrupamos em centenas e indicamos quantas elas são e assim por diante. Para a base 8, precisamos oito símbolos, claro. Para a base 20, de vinte símbolos etc.
         O sistema da base 2, ou sistema binário, muito usado em computação, necessita de apenas dois símbolos, ou dois dígitos, o zero e o um. Em computadores, esses dois dígitos podem ser representados por apenas dois níveis diferentes de tensão, ou com um padrão do tipo “aceso”  e “apagado” ou “ligado” e “desligado” etc.
         No sistema binário, a casa ou posição mais à direita é a das unidades e os dois algarismos usados são zero e um. A casa imediatamente à esquerda vale dois. Assim, uma unidade nessa casa corresponde a 2 na base dez. A casa à esquerda dela vale 4 na base dez. Por exemplo, o número 101 na base dois é igual a 5 na base dez. O número 1000 na base dois é igual a 8 na base dez. O número 325 na base dez é igual a 101000101 na base dois.
         Mas, o que isso tem a ver com o problema? Se você observar os catões numerados, verá que o número mais acima de cada um deles corresponde ao valor, na base dez, de cada casa da base dois. E os números que aparecem abaixo são aqueles que têm uma unidade naquela casa quando expressos na base dois. Por exemplo, o número 11 na base dez é 1011 na base dois, aparecendo, portanto, no primeiro, segundo e quarto cartões. Ora, mas o número 1011 é igual à soma 1000+10+1 na base dois, ou seja, à soma 8+2+1 na base dez. Como os número que aparecem nas partes superiores dos cartões são aqueles que têm o algarismo 1 em uma única posição na qual o número a ser descoberto também tem o algarismo1, basta somá-los para descobrir o número secreto.
         Os cartões vão apenas até o número 15 (na base dez); se você quiser estender o problema para números maiores, basta construir outros cartões, 16, 32, 64 etc.

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