Coincidência ou não?

          É muito comum, em uma viagem, quando entabulamos uma conversa com o vizinho de poltrona, encontrarmos alguma pessoa com vínculo comum a ambos. O comentário que muitas vezes segue a essa descoberta é “puxa, como o mundo é pequeno” ou “que coincidência”. Mas será que o mundo é pequeno? Ou será tanta coincidência, mesmo?


         Cada um de nós conhece, incluindo familiares, vizinhos, amigos, colegas de trabalho e de escola, frequentadores do mesmo ambiente (escola, clube, sindicato, partido político etc.) da ordem de um milhar de pessoas. Como cada uma dessas conhece outro milhar, há cerca de um milhão de conhecidos de conhecidos. Se um desses for seu vizinho de poltrona, depois de algumas apresentações – onde trabalha ou estuda, onde mora etc. – logo o vínculo comum será descoberto.
         Um milhão de pessoas em um mundo com mais do que 7 bilhões não é nada. Assim, se em uma viagem entre dois países, nenhum deles sendo o seu, não espere que você e seu vizinho de poltrona tenham um conhecido em comum. Mas em um ônibus ou avião, em uma viagem que tenha como origem ou destino sua cidade, muito provavelmente você e seu vizinho acharão um conhecido comum.
Além daquelas pessoas – familiares, vizinhos, amigos ...- , há outras muitas pessoas conhecidas, cujos nomes sabemos e com os quais temos ou tivemos alguma relação, mas que, necessariamente, não nos conhecem suficientemente bem para saber nosso nome ou lembrar dele, como um antigo professor, um médico ou dentista, por exemplo. Isso aumenta muito a chance de encontrarmos algum vínculo com um vizinho de assento.
Assim, evite conclusões precipitadas quanto ao tamanho do mundo ou a taxa de coincidências.
Por sinal, se você puder sortear duas pessoas ao acaso no mundo todo, alguns cálculos e especulações sugerem que não haverá uma cadeia de conhecidos maior do que seis ligando essas duas pessoas. Por exemplo, uma dessas duas pessoas sorteadas ao acaso conhece o motorista do caminhão que transporta as mercadorias que são distribuídas em seu bairro, que conhece um mecânico de aviação, que conhece um membro da tripulação de uma companhia aérea, que conhece um porteiro de hotel de uma cidade muito distante, que é amigo de um barbeiro local, que corta o cabelo de uma grande quantidade de pessoas, entre eles a outra pessoa sorteada ao acaso. Essa cadeia de conhecidos é chamada de “teoria dos seis graus de separação”, a qual, em redes sociais mais restritas, como muitas redes sociais de computador, tem sido bem estudada.


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